quinta-feira, 7 de setembro de 2006

Roda da Fortuna

E a vida começa a girar cada vez mais devagar como se a máquina centrifugadora estivesse perdendo a sua força, ou simplesmente dando uma pausa, relaxando. Na mesma intensidade inversamente proporcional começa a aumentar na cabeça uma série de espasmos que cambaleiam os objetos de um lado à outro do juizo, do que é gosto... balanaçando-os tanto que começam a gotejar. Gotejam toda sorte de arte, toda sorte de astúcia e malícia e, por mais incrível que pareça, um tanto de coração e saudade encrustada em cada gota de coisa, fazendo-as um pouco mais sãns do que parecem ser.
Por fora de toda essa tempestade desertica que se estende dentro deste infinito submerso de sensações, um corpo segura forte para não cair e ir sempre olhando para o alto. Brinca como quando criança de vendar os olhos e sentir as coisas com as mãos, seu sexo. Ah mas como criança, não deixa de espiar pelas frestas da venda e se machuca tentando e se afogando em coisas que aparecem, só aparentam, mas o corpo quer, tem sede dessas coisas, precisa das cores em si.
Outra coisa estranha acontece então. Indo contra todo o sistema de sorte do nosso mundo parasito-humanoide, contra toda a lógica reversa sob a qual as vidas são regidas (como numa ópera sinistra) tudo que é dito e por mais de vezes comprovado Ruim não vem... o corpo pede e chama por todos esses morangos quase marcianos de tão vermelhos, pedem que os queime em seu ácido a ainda assim não acontece!!!
Nada disso se entende, tudo se contradiz e todo mundo desconfia, mas ninguém sabe, todos vêem mas olham tão pasmos que a vida parece estar parando. Mas não está, ela está cada vez mais rápida, girando tão intensamente quanto as Rodas dessa nossa Fortuna. Só saberemos o quão rápido estamos se mais rápido formos.
Este corpo então fica inerte, pega aqui pega acolá e nada sente. Ouve a prenuncia de algo que está por vir e se pergunta e pergunta aos ventos e a quem não quer ouvir o que é.
O que é? Como, pra que, será?
As respostas chegam em quadros, ladrilhos e vitrais. Nenhuma delas faz sentido, nenhuma tinha a intenção de fazer. Não; Agora!