sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

O Novo jarro do velho museu

Se faz necessário descrever uma série de fatos que não tem a mínima importância. Um livro não seria livro se fosse objetivo como as palavras que voam de nossas bocas frivolamente nos minutos de cada momento entre momentos. Dos livros que li, que tenho lido e que espero ler, os que conseguem me iluminar as idéias são sempre aqueles que tratam dos assuntos de maneira tão leve e sagaz que me fazem esquecer que em 80 por cento de suas páginas estão registrados nada mais nada menos do que desnecessáriedades. È completamente desagradável quando consigo perceber, no meio de um capítulo, que o autor vem enrolando e desenrolando o mesmo assunto em forma de paráfrases por páginas a fio sem se dar o trabalho de nos puxar pelo fio de prata que possuímos saindo do nosso meio, quer ele seja o umbigo quer ele seja a testa.
A sensação que faz um leitor saber que é um leitor e que gosta de ser o que é é exatamente esta, a de ser, em meio a olhos grudados em uma mídia qualquer, cravejada de signos, puxado sem procedimentos de segurança prévios pela sua linha mais intima e instável por um outro ser que está na maioria das vezes num lugar distante qualquer. È um portal, uma esquema transcendente do universo que acontece nesse momento e faz com que relacionamentos se estendam como uma teia onde não se sabe quem está dominando quem, se o escritor que puxa, ou se o leitor que fornece ao escritor o saciar de seu vício de puxar fios alheios e cativá-los, criando para si um império completamente nobre e virtual.
O que tenho feito neste momento? Quantas vezes você já se perguntou por que digo o que digo ou o que é que me motiva a sentar frente a uma máquina mortífera e digitar coisas só para que essas frases não se afoguem no mar de bugigangas do meu lóbulo? Eu tenho tentando saciar-me com o que só você pode me oferecer, e você, se sente satisfeito por me oferecer tua preciosa prata?

Um comentário:

Eterna Primavera disse...

perturbador!